eu quero falar o que sinto.........


Os atuais senhores da Terra optaram pela aceleração do "desenvolvimentismo". O Modelo consumista é insustentável perante a vida no planeta. Extermina-se diariamente (de forma brutal) a natureza mãe e milhares e milhões de vidas sencientes, causa direta dos atuais desequilíbrios sócio ambientais... Este é o trilho inexorável, involuto, escolhido pelo financismo rentista global, gerando as atuais crises sócio políticas, e a calamidade ambiental, a desvitalização crescente da humanidade.

...Vivemos um processo célere de decadência ética e fisiológica, como seres já natimortos, anestesiados pelas contra informações de uma cultura venal, deseducadora e corrupta. Aceitamos passivamente a disseminação do "veneno nosso de cada dia", no agro negocio transgênico, e na carcinogênica PECUÁRIA INDUSTRIAL. Vivemos o pesadelo da configuração ideológica da "logica do LUCRO" para poucos como um fim em si, sendo participes involuntários do suicídio coletivo da espécie. Acompanhamos inertes todos elementos básicos de sustentação vital desaparecendo de forma célere, na poluição do ar, na escassez das águas doces, e no lixo atirado aos mares, mas especialmente na alimentação pós industrializada e "carnista", hiper quimifica e desvitalizante...

Gerou-se em apenas dois séculos da história humana na terra, uma engrenagem essencialmente antivida, que inverteu todos os valores e códigos éticos minimamente necessários para a sobrevivência sustentável...Agride-se a natureza materna e a todos seus seres sencientes; explorando-os de forma abominável, transformando-os em meros produtos alimentícios, mercantis, instituindo a vergonhosa violência do "especismo", cultuado na idiotia comportamental de todas nações globalizadas, a barbárie do holocausto animal.

Eia aí a insana corrida secular do capital rumo ao "ouro de tolo" como sustentação do sistema falido das mercadorias, das guerras, do luxo, do desperdício e do lixo...

Podres Poderes


Escrito por Antonio Julio de Menezes Neto   
07-Abr-2011
 
O MST continua a ser o principal movimento social brasileiro. Luta de cabeça erguida contra os poderosos e a favor do socialismo em nosso país. Continua - e talvez tenha até aumentado no novo século - com a sua política de ocupação de terras e de espaços políticos urbanos. É uma referência da esquerda mundial e, mesmo assim, perde visibilidade política. Qual o motivo? Creio que podemos apontar alguns para o debate:
 
1) Nos anos 1990, período de maior crise do socialismo e de consolidação do neoliberalismo no Brasil, houve um recuo de praticamente todos os movimentos sociais e políticos de trabalhadores. A exceção ficou com o MST que, "contra tudo e todos", conseguiu se firmar como uma contraposição ao capitalismo na sua forma neoliberal de então. Ao contrário dos outros movimentos, não se entregou ao pragmatismo ou ao desânimo generalizado do período. Foi à luta e enfrentou o latifúndio, o agronegócio, a imprensa e o neoliberalismo do governo FHC.
 
2) Porém, findo o governo citado e com a posse do governo petista de Lula, o MST muda as suas ações. Continua a enfrentar o agronegócio baseando suas ações, acertadamente, na luta de classes. Porém, passa a considerar o novo governo como "em disputa". Assim, passa a "disputar" o novo governo, mesmo quando este se mostra hegemonicamente vinculado ao capitalismo e ao agronegócio. O governo passa a não ser visto como um instrumento da classe dominante, mas sim contraditório, abrigando setores de direita e de "esquerda". Portanto, o governo deveria ser disputado e não criticado, pelo menos publicamente. Se o governo encaminhava-se para a direita, a "culpa" era dos movimentos de esquerda que não faziam a disputa "pelo poder".
 
3) Não apresentando mais contradições com o "gerente do capitalismo", ou seja, o governo federal, e desconsiderando o papel do novo governo na luta de classes favorável ao agronegócio e à direita, o MST perde visibilidade. É dependente das políticas públicas e, aparentemente, defende o governo que gere estas políticas. Parte da grande imprensa passa a se preocupar não com a luta de classes advinda das ações do MST, mas em vincular este ao governo federal para fazer oposição ao governo central.
 
Ou seja, as ações do MST perdem a autonomia na luta de classes e o Movimento Sem Terra passa a ser visto apenas como mais um apoiador do governo. Desta forma, a direita passa a criticar o Movimento para desgastar o governo Lula e não para inserir este debate na luta de classes.
 
4) O MST torna-se ambíguo nas suas ações políticas. Não realiza críticas ao governo Lula para não se distanciar das bases, devido à popularidade de Lula, e passa a apoiar o bipartidarismo. Ou seja, adere à idéia de que criticar o governo petista seria dar forças para o PSDB. Com isto, nas eleições, por exemplo, nunca engrossa propostas de frentes de esquerda, apoiando sempre o "mal menor" que seria o PT.
 
5) Ao não criticar o governo, acaba por ter uma visão equivocada do problema da terra no Brasil, respaldando, algumas vezes, o argumento "contra" a reforma agrária usado no período FHC. Este governo dizia que no Brasil não havia mais terras passíveis de reforma agrária. Pois bem, o MST, indiretamente, passa a aceitar este argumento ao começa a lutar contra a lei dos "índices de produtividade" para uma terra ser considerada improdutiva e passível de reforma agrária.
 
Mas estudos do Professor Ariovaldo Umbelino, da USP, já demonstraram que grande parte das terras do agronegócio são devolutas (do governo). Ou seja, o governo, sem mexer nos "índices de produtividade", poderia retomar as terras invadidas pelo agronegócio e realizar a reforma agrária. Claro que isto geraria conflitos enormes, mas um governo de esquerda deveria temer conflitos?
 
Defendo que a esquerda deve – ou melhor, já deveria - deixar de lado a posição bipartidária do mal menor e se reorganizar com cara própria para a defesa do socialismo. Mesmo que minoritária, que não chegue ao governo por agora, deve começar a demarcar seu campo próprio, demarcar suas diferenças com tucanos e petistas e avançar na construção de uma sociedade que supere o capitalismo.
 
Antonio Julio de Menezes Neto é sociólogo, doutor em Educação e professor na UFMG.